quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Em uma viagem de três semanas, Lula percorrerá mais de 20 cidades nordestinas 



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa nesta quinta-feira (17) uma caravana pelo Nordeste do país, seu reduto histórico, em um esforço para se reinventar depois da sentença por corrupção que ameaça as suas chances de se candidatar à Presidência em 2018. As eleições presidenciais ocorrerão em outubro do ano que vem e muitos dos possíveis candidatos mantêm discrição. No entanto, o ícone da esquerda não tem tempo a perder.

Aos 71 anos, Lula apostará em seu carisma para lutar por um retorno. Esta viagem de três semanas, na qual percorrerá 28 cidades, é também um retorno às raízes do ex-presidente, que nasceu em Pernambuco.

Sétimo filho de um casal de analfabetos, nestas terras áridas Lula conheceu a fome antes de sua família emigrar para São Paulo, quando tinha sete anos.

A caravana "Lula pelo Brasil", que começará em Salvador, se inspira nas "Caravanas da Cidadania", que permitiram o ex-dirigente sindical visitar 359 cidades entre 1993 e 1996. Seis anos depois, se tornava o primeiro chefe de Estado operário do Brasil.

Herança social 

E o Nordeste é, também, uma das regiões que mais se beneficiou das ambiciosas políticas sociais de Lula, que contribuíram para tirar milhões de brasileiros da pobreza durante os seus dois mandatos.

Um legado com o qual pretende se reencontrar agora durante uma viagem que incluirá, entre outros, atos em universidades criadas durante o seu governo e uma reunião com pequenos agricultores para defender políticas sociais que "foram reduzidas ou desmanteladas" pela administração de Michel Temer, segundo adiantou a sua assessoria de imprensa.

"Lula é um candidato que precisa tocar as pessoas, abraçar as crianças. A força do contato físico pode gerar imagens icônicas e fortalecer ainda mais a sua imagem de líder messiânico", avaliou à AFP Paulo Moura, especialista em Marketing Político.

Com uma impressionante taxa de popularidade de 80%, Lula era praticamente intocável quando deixou o poder em 2010, enquanto o Brasil era impulsionado pelo boom das matérias-primas.

Enquanto isso, as pesquisas continuam colocando-o em primeiro lugar, caso possa se candidatar. Apesar das polêmicas, Lula é visto por muitos como a única esperança do Partido dos Trabalhadores (PT) para se recuperar do revés histórico sofrido nas eleições municipais de outubro de 2016.

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